quarta-feira, 30 de junho de 2010

CEMITÉRIO VELHO - PARTE III

Um certo dia, no entanto, fomos surpreendidos por pessoas estranhas, homens e máquinas e quedamo-nos boquiabertos, quando o trator entrou no nosso “Campo Santo”, bufando e fazendo enorme barulho. A máquina monstruosa foi vencendo construções seculares, destroçando, despedaçando e transformando tudo em entulho, tudo que encontrava pela frente. Em poucas horas, nada mais restava do que um simples terreno aplainado.

Vimos tudo aquilo empoleirados em cima de um pedaço de muro (último a ser derrubado), com um misto de revolta e fascinação.

Hoje, aquele pedaço faz parte de uma paisagem da cidade totalmente diferente. Ali está incrustada a Praça “Sinhá Trévia”, popularmente conhecida como a praça da Rodoviária; para alguns (no meu caso) Praça da Saudade. Saudade, sim, dos bons tempos ali vividos, dos folguedos e brincadeiras que ficaram registrados em minha lembrança como marcas indeléveis. São reminiscências saudosas, de uma época de outrora que o tempo em sua marcha inexorável levou.

Esse mesmo tempo só não pode apagar da minha memória a saudade que sinto de ti, querido Cemitério Velho.

Inácio Santos

(Publicado no “O Literário”. Ano I – Volume 2, Edição 4, dezembro de 14998, os. 4-5, Camocim – CE)

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