quarta-feira, 30 de junho de 2010

CEMITÉRIO VELHO - PARTE I

Ainda quando a cidade terminava antes do final da Rua 03 de Outubro, - e lá se vão mais ou menos trinta e poucos anos – eis que incrustado entre as Ruas Paissandu e Alcindo Rocha, ali estava ele. Vou chamá-lo como o conheci e como todos o chamavam: Cemitério Velho. Velho mesmo! Não sei a data da inauguração, mas já naquele tempo era o cemitério velho, até mesmo porque de já muito estava desativado, pois há se encontrava o atual cemitério em plena atividade (por sinal hoje está com super lotação).

Ora, pois ali estava ele (o cemitério velho) a nos fascinar. Moleque, na época, morando a poucos metros do dito cujo, na Rua da Independência, era ali um dos pontos preferidos por nós (a molecada) para as nossas brincadeiras, com direito a toda sorte de danações, que iam desde o simples esconde-esconde entre túmulos, à caça de passarinhos e lagartixas com nossas terríveis baladeiras, até pregarmos sustos às pessoas, visto que naquele tempo o lugar era ermo e para, ali, passar, tinha que ser por uma espécie de trilha, obrigando as pessoas a andar por cima da calçada do cemitério, o qual tinha um muro relativamente baixo, deixando à mostra uma boa visão do interior. Era nesses instantes que nós nos escondíamos e quando os menos avisados, por ali vinham, principalmente mulheres, nossas vítimas preferidas, saíamos de chofre, soltando terríveis berros e gritos, ou jogando areia por sobre o muro em cima das pessoas que, já por estarem a andar na calçada de um cemitério (embora desativado), tinham motivos de sobra para se sentirem apreensivas. As carreiras e sustos destas era nosso deleite. Ríamos – a bandeiras despregadas – aquele riso puro e, ao mesmo tempo diabólico, de moleque travesso que regozija-se com o resultado de sua travessura.

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