terça-feira, 29 de junho de 2010

VÔO INCERTO

Um sino dobra nesta tarde fria,
Mas não dobra por morte de pessoa,
É por mim que perdi quem eu queria;
Bem longe dobra e no meu peito ecoa.

O sino segue balançando o dia,
A noite negra pelo céu se côa,
Voltam aves de longa romaria;
Minh'alma aflita pelo cosmo voa,

Cindindo os ares da desesperança
Em vôo incerto e quanto mais avança,
Mais tem desgosto, mais tem aflição...

Cansada do remígio quer voltar;
Mas, coitadinha, aonde vai pousar,
Se de mim se perdeu na solidão?

R. B. Sotero

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto!

Anônimo disse...

Esse homem na verdade sabe escrever belissimos e raros textos .