quarta-feira, 30 de junho de 2010

1919 – “A CACIMBA DO PADRE”

1919 foi um ano de seca.


A cidade foi invadida por dezenas de flagelados sujos, famintos e esfarrapados.

A sua alimentação se constituía de farinha seca apanhada de porta em porta. O seu abrigo era uma porção de cajueiros, já meio sem folhas, que apontavam, aqui e ali, na praça da Matriz. Era, pois, debaixo daquele abrigo improvisado, que os pobres de nossos irmãos armavam as suas mal cheirosas redes para passar a noite.

A coisa ia nesse pé, quando, um belo dia, entrou de Camocim a dentro uma comissão composta de quatro automóveis, tendo à frente o Engenheiro Arrojado Lisboa, então administrado geral do IFOCS (Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas), recém criada.

Depois de confabular com as autoridades locais ficou decidido erguer, na praça da Matriz, apenas um cata-vento para fornecimento “dágua” às populações flageladas.

O cata-vento gemia e rangia e a água passou a encher a caixa, que era de ferro. Uma coisa eu garanto: vento não faltava.

Depois de algum tempo o cata-vento e deu o prego.

Como não havia serviço de conservação, ele parou, abandonado e esquecido.

Foi então que, também, o padre José Augusto mandou fazer uma cacimba, próxima ao cata-vento abandonado e certas famílias passaram a se abastecer da água na “cacimba do padre”.

Um comentário:

Monik disse...

Bom texto, parabens!